Biscoitando no Web Summit Rio

Willy Fontenelle
5 min readMay 5, 2023

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Nunca tinha ido

Primeiramente, eu mal sabia exatamente por quê eu deveria ir para o evento. Talvez por não encontrar uma relação tão direta com meu trampo com design system, mas era uma oportunidade única. O Web Summit é um evento que promove inovação, tecnologia e empreendedorismo. Olhei a agenda e escolhi algumas que me interessavam mais. Tudo certo, vamo nessa. Quebra de rotina, ansiedade, olha a agenda de novo, marca umas coisas interessantes, dia do evento. O quê que eu tô fazendo aqui? Acho que quero ser uma esponja, absorver o que vier, anotar as coisas, show de bola.

A abertura foi meio caótica. Lotado, muita gente não entrou e basicamente foi só pegar o crachá. No auge das filas recebo uma notificação do evento tipo “deu ruim galera, bora pra Olegário”, típico de um carioca saindo de um rolé que tava uma furada. Depois vi que existem as “10 dicas para um bom Web Summit”. “Cheguem muito cedo.” Tarde demais. Mas a comunidade no whatsapp bombando.

#1 — Muita coisa

Beleza. Primeiro dia oficialmente. Primeiro sobre a estrutura, dois pavilhões com stands e palcos e mais um palco principal. Cheio, muito cheio. Vem logo aquele sentimento de achar que não se está aproveitando algo ao máximo. Desapego, e o que vier é lucro. Deu pra perceber de cara como inteligência artificial de alguns meses para cá tem sido um assunto cada vez mais recorrente. Desde as palestras com temas correlacionados até a quantidade absurda de startups utilizando a tecnologia (ou tentando surfar nessa onda). Mas será que é por aí mesmo ou é só impressão?

Muitos smartphones conectados. Aplicativo do evento. Enquanto você está num lugar, quer saber o que está acontecendo do outro lado. Foco. Tentei entender como funcionam as rodadas de pitch que startups precisam passar para conseguir investimento e lembrei do Shark Tank. Por indicação comecei a prestar mais atenção nos stands de startups e é notável o quanto milhares de novas ideias nascem pelo mundo a todo momento e o quanto podem ser tão específicas. Empresas de tecnologia começando, algumas maiores, outras menores, e como pode ser longo e desafiador o processo. Resiliência. No rolê pelos stands já deu pra rolar o cafezinho e a cerveja no final do dia. Depois de andar muito — e tentar fugir das filas (sem sucesso) — é claro que o sentimento seria de que poderia ter aproveitado mais. Faz parte.

#2 — Absorvendo um tecniquês

No segundo dia o negócio engatou. Logo de início já peguei umas palestras interessantes mais voltadas para engenharia. Temas como os desafios numa cultura open-source (que alimenta grande parte do que utilizamos na internet hoje), gestão de senhas com a 1Password e a tão aguardada demonstração do CEO do Github ao programar um aplicativo em 18 minutos utilizando inteligência artificial (olha ela aí de novo). Voltando às startups, tentei observar outros temas, como segurança de dados, privacidade, criptomoedas e fintechs aparecendo de forma recorrente. E pra sair um pouco da bolha, fechamos com um papo sobre streaming e esportes com a galera do Fight Pass.

Encontrei muita gente que não via há anos no evento e é interessante como tanta gente hoje tá olhando pra tecnologia. A sensação de saturação sobre a quantidade de informação também aumentou um pouco. Querer estar por dentro de tudo ao mesmo tempo. Olhar de cima. O happy hour é muito longe. Tá, bora pro próximo dia.

#3 — A corrida das startups

No último dia deu pra planejar melhor o que eu queria fazer. Decidi que ia acompanhar mais de perto como funcionam as rodadas de pitch das startups, como as empresas se preparam e quais os diferenciais. O game para crianças autistas Jade foi o vencedor depois de uma final onde todos pareciam muito bem preparados — ou pelo menos as apresentações e respostas eram quase impecáveis.

Voltando ao evento, a vontade de querer olhar de cima e sair um pouco mais da bolha da inteligência artificial e ver o que mais estão falando e fazendo. Assuntos como educação, blockchain, tokenização (NFT), e-commerce e saúde rodeavam o que as startups ofereciam, assim como empresas maiores sempre tendo que se manter atualizadas. Difícil seria aprofundar em tantos temas diferentes. Conversei com uma rara aparição de alguém que trabalha com design system e também com duas startups. A Cabe no Meu Bolso oferece uma negociação de dívidas através de uma plataforma — diferente das empresas que te ligam toda hora — e usa uma IA para fechar os acordos com as empresas credoras. Já a Quando eu Partir é uma plataforma que oferece basicamente um testamento sem tanta burocracia. Lá, pessoas guardam senhas, desejos e todo o tipo de informação que precisa para que seja destinada às pessoas certas na hora que, né.

No final do último dia o clima já era outro, a corrida dos brindes já tava acabando e a fila pra tirar foto com a logo do evento estava maior do que deveria. Tirar conclusões sobre a experiência é difícil, o que eu escrevo sobre ela? Vou embora. Preciso de um nome para o artigo.

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Willy Fontenelle

Product Designer | UI/UX | Design System | Front-end React